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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

História de uma criança-soldado

Aos nove anos de idade era soldado no Uganda. Aos 17 conseguiu fugir. Agora, corre o Mundo com a sua história

Aos nove anos de idade deram-lhe uma arma e disseram-lhe: "Mata". Já não era criança, mas, sim, soldado.Estavamos em 1984 e o Uganda vivia uma guerra civil. China Keitetsi tinha fugido de casa do pai em busca da mãe. Ingressou no Exército de Resistência Nacional para sobreviver. Combateu, cozinhou, foi guarda-costas e serviu de escrava sexual.

História de uma criança-soldado
 
foto Fernando Timóteo/Global Imagens
 
"Como qualquer criança, queríamos amor e afecto. Por isso, fazíamos tudo o que nos mandavam para ver um sorriso e para que os comandantes ficassem orgulhosos como um pai se orgulha de um filho", justificou China, ontem, no Porto. Aos 13 anos, engravidou em consequência dos abusos diários. Só descobriu seis meses depois. "Não sabia o que fazer. Era uma soldado. Uma soldado não fica grávida". Teve o filho e continuou a combater. Passou por muitos momentos maus. "Vi morrer os meus camaradas, a minha família. Mas, o pior de tudo, era o medo. Para onde me vão transferir amanhã? Quem me vai violar hoje?".
Aos 17 anos, engravidou novamente. Não ia passar pelo mesmo. Deixou o filho e o Exército e fugiu. Em três semanas passou pelo Quénia, Tanzânia, Zimbwawe e África do Sul. Estabeleceu-se no Soweto. Em 1999, conseguiu obter estatuto de refugiada das Nações Unidas e foi acolhida pela Dinamarca. "Um paraíso". Mas, apesar de livre, continuava só.
Contactou várias ONG para se reunir com os filhos. Temeu nunca mais os ver, mas valeu a pena acreditar. O filho, que deixara no Uganda com dois anos, encontrou-o com 14. A filha, entregue no Soweto com um ano de idade, já tinha 11. "Não tive infância e perdi as deles", lamenta. Mas, finalmente, são uma família.
Agora, a convite da Amnistia Internacional, viaja com a pequena Aisha, a sua filha mais nova, de apenas 16 meses, a alertar para o flagelo das mais de 300 mil crianças-soldado que existem. E, aos 32 anos, China considera-se feliz. "Vi muito e fizeram-me muitas coisas más. Nunca se esquece. Às vezes, sinto-me como uma criança que nunca fui; às vezes, como uma velha que não sou. Mas existo. Sou feliz. Comecei outra vida e agora conheço-me. Sou mãe."

Nota: Despertem.

Reportagem aqui.

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