Aos nove anos de idade era soldado no Uganda. Aos 17 conseguiu fugir. Agora, corre o Mundo com a sua história
Aos nove anos de idade deram-lhe uma arma e disseram-lhe: "Mata". Já não era criança, mas, sim, soldado.Estavamos em 1984 e o Uganda vivia uma guerra civil. China Keitetsi tinha fugido de casa do pai em busca da mãe. Ingressou no Exército de Resistência Nacional para sobreviver. Combateu, cozinhou, foi guarda-costas e serviu de escrava sexual.
foto Fernando Timóteo/Global Imagens |
Aos 17 anos, engravidou novamente. Não ia passar pelo mesmo. Deixou o filho e o Exército e fugiu. Em três semanas passou pelo Quénia, Tanzânia, Zimbwawe e África do Sul. Estabeleceu-se no Soweto. Em 1999, conseguiu obter estatuto de refugiada das Nações Unidas e foi acolhida pela Dinamarca. "Um paraíso". Mas, apesar de livre, continuava só.
Contactou várias ONG para se reunir com os filhos. Temeu nunca mais os ver, mas valeu a pena acreditar. O filho, que deixara no Uganda com dois anos, encontrou-o com 14. A filha, entregue no Soweto com um ano de idade, já tinha 11. "Não tive infância e perdi as deles", lamenta. Mas, finalmente, são uma família.
Agora, a convite da Amnistia Internacional, viaja com a pequena Aisha, a sua filha mais nova, de apenas 16 meses, a alertar para o flagelo das mais de 300 mil crianças-soldado que existem. E, aos 32 anos, China considera-se feliz. "Vi muito e fizeram-me muitas coisas más. Nunca se esquece. Às vezes, sinto-me como uma criança que nunca fui; às vezes, como uma velha que não sou. Mas existo. Sou feliz. Comecei outra vida e agora conheço-me. Sou mãe."
Nota: Despertem.
Reportagem aqui.
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