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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Famílias numerosas, Uma escola de afectos

Estava navegando no blog A Dignidade da Mulher Católica e achei uma postagem muito legal de famílias numerosas. Repasso dois dos vários exemplos, os quais me encantaram mais!! Ah, o português esta esquisito porque é português de Portugal.

"Roberto e Maria do Rosário: Carneiro: 9 filhos

O mais velho tem 25 anos, o mais novo dez. São apenas nove no total. Sim, apenas, porque a ideia era terem 15 filhos. O ex-ministro da Educação, Roberto Carneiro, e a deputada independente pelo PS, Maria do Rosário Carneiro, fizeram uma espécie de acordo pré-nupcial: “Queríamos ter muitos filhos. Quinze era um número como outro qualquer, achámos que era um bom número para uma equipa de râguebi.” Maria do Rosário ficou triste e um tanto angustiada quando, na última gravidez, soube que não podia ir além dos nove filhos. Caso contrário correria sérios riscos de vida. O António foi o seu presente do 40º aniversário.

Para este casal, uma das vantagens em ter muitos filhos é não haver tempo para estar quieto num canto a pensar nos problemas. E quando são muitos, a possibilidade de construir projectos é maior. Preocupações têm muitas. Com o futuro deles, o bem-estar, a educação…, mas com paciência e disponibilidade, apesar do aperto da agenda, tudo se encaminha. Maria do Rosário ainda se lembra, com uma certa nostalgia, do lufa-lufa que era quando eles eram mais pequeninos. “Uma vez contei as vezes que entrava e saía de casa todas as tardes. Catorze, veja bem! Ia buscar um à escola, levava o outro às aulas de música, corria ao supermercado, levava outro a casa do amigo, outro não sei onde, depois ia dar aulas… enfim, foi um período fantástico da minha vida.”

Conseguir conciliar tantas funções ao mesmo tempo, mãe, mulher, deputada, professora universitária e manter a casa em funcionamento “só com um ar ligeiramente caótico”, não é fácil. Mas para Maria do Rosário “quando se quer uma coisa há que arranjar recursos para o conseguir de modo a gerir o que se tem com aquilo que se quer. Tornou-se imprescindível ter empregadas em casa, mas a atenção dos pais é insubstituível. Por isso é que Roberto e Maria do Rosário nunca se demitiram dessa função quando os mais velhos alcançaram idade para tratar dos irmãos. “Não se pode pedir aos filhos mais adultos que sejam outra coisa para os mais novos senão irmãos. Não se lhes deve exigir que sejam pais ou mães.” Porque assistência é uma coisa, substituir os pais é outra. No entanto, para facilitar a vida aos pais, cada um dos filhos mais velhos decidiu responsabilizar-se por cada um dos mais pequenos no que respeita ao acompanhamento escolar. Orientam, ensinam, ajudam nos deveres da escola. Os pais agradecem, naturalmente.

Estando todos em idade escolar é inevitável estar atento aos horários de cada um. Para isso serve também a porta do frigorífico, completamente forrada a papelinhos amarelos. Mesmo assim há falhas e, de vez em quando, “há alguém que é esquecido à porta da escola”. Ressentimentos, birras? Nem pensar! Quando se pertence a uma família numerosa este tipo de acidentes é encarado com a maior das naturalidades, sem dramas.

Ter muitos filhos é óptimo do ponto de vista afectivo e emocional, mas também tem custos, implica mais sacrifícios. Roberto e Maria do Rosário Carneiro, admitem que se tivessem só um ou dois filhos não precisariam de trabalhar tanto nem de ter dois empregos. “Creio que não teria feito metade do que fiz se não tivesse necessidade de sustentar uma família grande”, assegura Roberto. Uma parte choruda do orçamento familiar é gasto na formação musical dos filhos. Quando entram na escola, iniciam-se logo nas aulas de música. Todos tocam um ou vários instrumentos. Violoncelo, viola, violino, flauta, piano.., é uma orquestra lá em casa.

Vasco e Maria Teresa Cabral: 13 filhos

Estão na faixa dos 8o. Têm 13 filhos, 43 netos e 10 bisnetos. Hoje vivem sozinhos em Paço D’Arcos, numa casa demasiado grande para eles. Que logo se torna exígua quando a família se reúne, normalmente aos fins-de-semana. “Quando cá estão todos espalham-se pelo rés-do-chão, primeiro e segundo andares.” Apesar de terem cortado há muitos anos o cordão umbilical, os filhos não largam os pais. Todos os dias, depois de saírem do trabalho, filhos, netos e bisnetos passam por “casa” simplesmente para dizer olá e saber se está tudo bem. E se algum não aparece ou não dá notícias durante dois dias, Maria Teresa não hesita em telefonar. “O maior entretenimento da minha mãe é o telefone. Ela sabe tudo acerca de nós. Quando algum irmão quer saber do outro, é à mãe que telefona. Ela é o centro de informações da família”, diz um dos filhos, António Maria, de 46 anos.

Mãe galinha assumida, Maria Teresa confessa que ainda hoje não consegue demitir-se do papel de mãe. E se antes se preocupava apenas com os 13 filhos, hoje as suas ansiedades são acrescidas. A família aumentou e agora há que prestar atenção também aos netos e bisnetos. “Não pára de pensar neles. Hoje o mundo está tão diferente, são as drogas, o álcool, está tudo mais acessível que no tempo dos meus meninos.”

Diferente também está a concepção de família. No tempo em que Vasco e Maria Teresa eram jovens, as famílias numerosas não suscitavam espanto nem admiração. Era natural e frequente encontrar casais com muitos filhos. De há uns anos para cá são uma raridade. Vasco Cabral dá nota de duas situações que exemplificam isso mesmo:

“Num curso que frequentei no estrangeiro foi-me pedido o curriculum. Escrevi-o em inglês e mandei-o por fax. Tinha então só nove filhos. Os destinatários entenderam que teria havido forçosamente uma gralha e mudaram o ‘nine’ (nove) para ‘none’ (nenhum). Qual não foi a surpresa e escândalo quando eu rectifiquei a gralha, não minha, a deles. De uma outra vez, numa viagem que fiz com um estrangeiro, quando lhe revelei a minha situação familiar ele chamou-me assassino.”
Uma família numerosa provoca as reacções mais díspares. Se uns acham um absurdo e insensato pôr neste mundo tantas crianças, argumentando com “o que vai ser delas, coitadinhas”, outros vêem aspectos muito positivos porque a família é, antes de tudo, uma escola de afectos na medida em que promove a convivência entre várias gerações.

Com a emancipação da mulher, que passou a trabalhar fora, passou a não haver tempo nem disponibilidade para mais do que dois ou três filhos. É esta a leitura que Maria Teresa faz da diminuição crescente da natalidade no nosso país: “No meu tempo, as mulheres, salvo excepções, não tinham uma actividade profissional, eram educadas para ficar em casa a cuidar dos filhos.” Mesmo assim, este casal não tem 13 filhos só porque Maria Teresa estava disponível para tratar deles a tempo inteiro. Tem-nos porque uma família grande é uma família feliz”. De resto, é já uma tradição familiar. Vasco nasceu numa família numerosa. Os avós paternos tiveram 14 filhos e os pais oito. ‘No meu caso, foi uma aventura ter estes filhos todos. Não sei como é que com esta confusão consegui chegar aos 82 anos”, Vasco perde-se de riso. Mas logo assume um ar sério quando recorda os piores momentos, passados por altura da guerra colonial. Cinco filhos partiram para as ex-colónias em combate. Pai e mãe viviam com o coração nas mãos, sempre à espera de más notícias. “Mas graças a Deus voltaram todos vivos.”

Para criar e educar tantos filhos não existem receitas milagrosas. Mas é absolutamente indispensável traçar linhas de orientação: ou se dá o essencial aos filhos ou se satisfaz caprichos. Para Vasco, uma das vantagens em ter uma família numerosa é não embarcar no consumismo desmedido que impera nas sociedades actuais. “Um dos problemas das gerações mais jovens é serem insaciáveis, não se contentam com nada. Nós não tivemos essa oportunidade, felizmente. Outro valor nos rege, o da família. Não é preciso dar-lhes tudo de material, só o necessário."

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