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sábado, 19 de novembro de 2011

Papa fala sobre Aids, corrupção e denuncia todas as formas de escravidão



O Papa Bento XVI assinou, neste sábado, uma espécie de "mapa do caminho" da Igreja do continente para as próximas décadas, com as conclusões do sínodo africano de 2009 - um documento que fala de reconciliação, boa governança, denuncia todas as formas de escravidão e considera, ao mesmo tempo, que a Aids exige uma resposta médica, por se tratar, antes de mais nada, de um problema "ético".
Uma mulher, ao final de uma prece, aproveita para tirar uma foto do Papa, em Cotonou-
Uma mulher, ao final de uma prece, 
aproveita para tirar uma foto do Papa,
 em Cotonou

A Aids exige uma resposta médica e farmacêutica, mas isso não é suficiente, porque o problema é, antes de tudo ético, diz o documento, em latim, "Africae Munus" (o compromisso para a África).

O texto, de 135 páginas, diz que o combate à doença exige mudanças de comportamento, e defende a abstinência sexual, rejeitando a promiscuidade.
A posição do Vaticano sobre o preservativo para impedir a contaminação é controversa. Em 2009, numa viagem à República de Camarões e a Angola, o Papa abriu uma polêmica, ao estimar que o uso de preservativos agravavam o problema da Aids.
Depois disso, Bento XVI declarou que sua utilização poderia ser aceita "em determinados casos", "para reduzir os riscos de contaminação".
O documento, que vai entregar neste domingo aos bispos do continente, reunidos em Cotonou, contém, assim, uma referência à doença, que afeta particularmente o Continente africano, onde vivem 70% dos 34 milhões de soropositivos do mundo, apresentando as conclusões do sínodo celebrado em 2009, no Vaticano.
Conclama à abolição da pena de morte e denuncia os maus-tratos a mulheres e crianças.
No porto de Ouidah, onde começou o tráfico negreiro, o Papa também pediu aos cristãos que "lutem contra a escravidão".
O documento exorta, ainda, os católicos do continente a se posicionarem com firmeza sobre a reconciliação, a defesa da família e a boa governança.
Antes da viagem a Ouidah, Bento XVI denunciou a corrupção no mundo, considerando que poderá acarretar "reações muitas vezes violentas", e pediu aos dirigentes africanos que não privem seus povos da "esperança".
O Papa falou sobre o assunto no palácio presidencial de Cotonou, capital econômica de Benin, depois de ter iniciado na tarde de sexta-feira visita de três dias ao pequeno país da África Oriental, terra do vodu e da fé católica.
"Neste momento, há muitos escândalos e injustiças, muita corrupção e avidez, desprezo e mentiras, muita violência que conduz à miséria e à morte", declarou.
"Esses males afligem a África e o restante do mundo", destacou no pronunciamento para mais de mil pessoas reunidas num imenso hall decorado com tecidos amarelos e brancos. Estavam, entre elas, líderes políticos, diplomatas e representantes de outras religiões, entre elas o vodu.
"Cada povo quer compreender as escolhas políticas e econômicas que são feitas em seu nome. Ele vê manipulação, e a reação é, às vezes, violenta", alertou Bento XVI.
"Desta tribuna, faço um apelo a todos os dirigentes políticos e econômicos dos países africanos e aos demais. Não privem seu povo da esperança! Não amputem o futuro mutilando o presente!", lançou.
No discurso deste sábado, Bento XVI também fez referência à Primavera Árabe, observando que "nos últimos meses, numerosos povos manifestaram desejo de liberdade, de segurança material, e de vontade de viver em harmonia com diferentes etnias e religiões".
Também defendeu um diálogo entre as religiões sem "confusão" nem "sincretismo".
"Nenhuma religião, nenhuma cultura pode justificar o apelo ou o recurso à intolerância e à violência", afirmou.
Após ter sido recebido calorosamente na sexta-feira por milhares de fiéis, em Cotonou, o pontífice pediu, numa prece a Maria, na catedral, que sejam realizadas "as mais nobres aspirações dos jovens da África, que têm os corações sedentos de justiça, de paz e de reconciliação".

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